Com o crescimento da computação em nuvem e a diversidade de infraestruturas utilizadas por aplicações, ter flexibilidade para trabalhar é indispensável e saber o que é DockerFile torna isso possível.
Um único arquivo capaz de fornecer instruções para a construção de ambientes dos mais variados níveis e complexidades, facilitando o trabalho em equipe e garantindo que todos estejam trabalhando sob as mesmas configurações.
Descubra neste artigo o que é o DockerFile e como fazer um build para começar os trabalhos.
O que é DockerFile
O DockerFile é um componente fundamental no ecossistema Docker, utilizado para criar imagens de containers personalizadas. Este arquivo de texto simples contém uma série de instruções que especificam como a imagem do container deve ser construída. Essas instruções incluem a base da imagem, pacotes a serem instalados, arquivos a serem adicionados e comandos a serem executados.
O processo de construção de uma imagem Docker começa com uma imagem base, geralmente uma distribuição leve de Linux como Alpine ou Ubuntu, sobre a qual camadas adicionais são construídas.
Cada instrução no DockerFile adiciona uma nova camada à imagem, permitindo uma personalização detalhada. Por exemplo, você pode especificar comandos para instalar softwares, copiar arquivos do seu sistema local para a imagem, definir variáveis de ambiente, expor portas para comunicação e definir comandos padrão a serem executados quando o container é iniciado.
O DockerFile segue uma sintaxe específica e é processado de forma sequencial, do topo para baixo. As instruções são executadas em ordem, com cada uma criando uma nova camada na imagem do container. Isso significa que as alterações são feitas incrementalmente, e cada camada é armazenada em cache, tornando as reconstruções subsequentes mais rápidas se as instruções iniciais não mudarem.
Uma das vantagens do DockerFile é sua capacidade de ser versionado como parte do código fonte em sistemas de controle de versão como Git. Isso permite que equipes colaborem na construção de imagens de containers e mantenham um histórico de alterações.
Além disso, uma vez que o DockerFile está completo, ele pode ser usado para construir a mesma imagem de container de forma consistente em diferentes ambientes, garantindo a padronização e a replicabilidade.
Finalmente, ao concluir a execução de todas as instruções no DockerFile, a imagem resultante está pronta para ser usada para criar containers. Estes containers, quando iniciados, executam em um ambiente isolado, contendo tudo o que é necessário para executar a aplicação ou serviço especificado, conforme definido no DockerFile.
A estrutura do DockerFile
Agora que você já sabe o que é dockerfile, vamos falar sobre a sua estrutura. A estrutura do arquivo DockerFile é composta por instruções, em ordem de execução. Entre as principais instruções do DockerFile estão:
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FROM: é obrigatório e informa qual imagem será utilizada como ponto de partida
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RUN: utilizada para executar comandos durante o build responsável pela montagem da imagem
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CMD: só deve ser inserido uma vez no DockerFile, pois executa apenas na criação do container
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EXPOSE: informa quais serão as portas liberadas ao criar o container
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COPY: copia arquivos e pastas locais
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ADD: copia arquivos e pastas remotas ou compactadas
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VOLUME: informa um ponto de montagem e disponibiliza uma pasta entre o container e o host
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WORKDIR: define uma pasta no container onde serão executados os comandos
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USER: define o usuário para execução de comandos
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BUILD: cria a imagem a partir do DockerFile
Como fazer um build do DockerFile
Construir uma imagem Docker a partir de um DockerFile é um processo essencial no desenvolvimento e implantação de aplicações em containers. Este processo pode ser dividido em três etapas claras:
1. Criar o DockerFile
A primeira etapa é criar um arquivo chamado "DockerFile". Este arquivo contém uma série de instruções que definem como a imagem do container será construída. É importante usar imagens oficiais como base para garantir a qualidade e eficiência do seu container. Você pode encontrar imagens oficiais e outras informações úteis no Docker Hub.
Exemplo de um DockerFile Simples: Vamos considerar um exemplo utilizando a imagem oficial do Alpine Linux. O objetivo é criar um container que execute tarefas cron.
# Usa a imagem mais recente do Alpine Linux como base
FROM alpine:latest
# Copia arquivos de cron para o diretório /app no container
COPY crons /app
# Atualiza os pacotes do Alpine e instala o daemon de cron e tzdata para configuração de fuso horário
RUN apk update && \
apk add crond tzdata
# Configura o fuso horário para São Paulo
RUN ln -sf /usr/share/zoneinfo/America/Sao_Paulo /etc/localtime && \
ln -sf /app/crons /etc/crontabs/root
# Define o ponto de entrada para iniciar o daemon de cron
ENTRYPOINT ["crond", "-f"]
Este DockerFile executa várias ações: atualiza os pacotes, instala o cron, configura o fuso horário e define os arquivos de cron.
2. Gerar a Imagem
Após criar o DockerFile, o próximo passo é gerar a imagem Docker. Para isso, use o seguinte comando no terminal, no diretório onde o DockerFile está localizado:
docker build -t nome_da_imagem .
Este comando constrói a imagem Docker a partir do DockerFile e a nomeia conforme especificado (nome_da_imagem).
3. Construir o Container
Com a imagem criada, o último passo é criar e iniciar um container usando essa imagem. Execute o seguinte comando:
docker run nome_da_imagem
Este comando inicia um container baseado na imagem que você acabou de criar. O container executará as tarefas especificadas no DockerFile, neste caso, iniciando o daemon de cron.
Erros Comuns na Criação de Dockerfiles e Como Evitá-los
Criar Dockerfiles eficientes e otimizados é fundamental para o desenvolvimento eficaz com Docker. No entanto, alguns erros comuns podem ocorrer durante este processo. Aqui estão alguns dos mais frequentes e como evitá-los:
1. Não Minimizar o Número de Camadas
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Problema: Cada instrução RUN, COPY, e ADD em um Dockerfile cria uma nova camada na imagem. Um grande número de camadas pode aumentar o tamanho da imagem e diminuir a eficiência.
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Solução: Combine comandos em uma única instrução RUN usando operadores lógicos como &&. Isso reduz o número de camadas e o tamanho final da imagem.
2. Incluir Informações Sensíveis
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Problema: Adicionar informações confidenciais, como senhas ou chaves API, diretamente no Dockerfile.
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Solução: Utilize variáveis de ambiente ou serviços de gerenciamento de segredos para injetar esses dados de forma segura no momento da execução do container.
3. Uso Ineficiente de Cache de Camadas
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Problema: A ordem das instruções no Dockerfile pode levar a um uso ineficiente do cache, causando reconstruções desnecessárias.
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Solução: Organize as instruções de forma que as menos propensas a mudar (como a instalação de pacotes) venham primeiro. Isso permite aproveitar melhor o cache do Docker.
4. Uso de Imagens Base Não Oficiais ou Grandes
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Problema: Utilizar imagens base não oficiais pode ser inseguro e imagens grandes podem tornar o container inchado e lento.
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Solução: Prefira imagens oficiais e leves, como Alpine Linux, para reduzir riscos de segurança e melhorar a performance.
5. Não Limpar o Cache Após Instalações
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Problema: Deixar arquivos de cache de pacotes na imagem aumenta seu tamanho.
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Solução: Após instalar pacotes com gerenciadores como apt, sempre execute comandos para limpar o cache.
6. Execução como Usuário Root
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Problema: Executar processos como root no container pode ser um risco de segurança.
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Solução: Crie e use um usuário não root no Dockerfile para executar processos.
7. Não Especificar Tags de Imagens
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Problema: Usar tags genéricas como latest pode levar à inconsistência entre builds.
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Solução: Especifique versões específicas nas tags de imagens base para garantir consistência.
8. Falha na Documentação
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Problema: Dockerfiles sem comentários ou documentação podem ser difíceis de entender e manter.
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Solução: Comente seu Dockerfile, explicando o propósito de cada instrução e escolha feita.
Boas práticas na criação de DockerFile
Veja a seguir algumas dicas para ter arquivos DockerFile melhores:
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fique de olho na ordem das instruções
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containers devem ser imutáveis
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consolide as instruções para minimizar camadas
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instale somente os pacotes necessários
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faça uso do arquivo .dockerignore
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declare o que for mais passível de alteração no final do arquivo
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utilize o menor número possível de instruções no DockerFile
Agora que você já sabe como funciona um DockerFile, quais são os principais comandos e o que fazer para criar um arquivo melhor, é hora de colocar em prática.
E se tiver alguma dúvida, deixe aqui nos comentários que vamos te ajudar.